Arquivo da categoria: Tudo junto

para aquelas coisas que não damos nomes.

Sobre Ilha Solteira

Estivemos nos dias 23 e 24 de agosto na Estância Turística de Ilha Solteira para apresentação de “A Lição do Rinoceronte Careca”. A cidade é muito legal e pudemos conhecer alguns pontos turísticos bem legais (VALEU ANA LUIZA), pude também conversar com o Carlos Masetti e alguns integrantes do grupo dele que também está fazendo parte do Projeto Ademar Guerra. Importante este momento também, esta troca de informações e impressões entre grupos participantes. Uma visão clara do que anda funcionando no projeto e de que forma nós, grupos, podemos trocar mais figurinhas e ações futuras.
Também pudemos assistir a Lucélia Santos em cena com “A Falecida”de Nelson Rodrigues. Uma ótima peça, bem montada, redondinha e com gosto de quero mais. Tudo valeu demais e deixo aqui o abraço a todos desta cidade. Abaixo algumas fotos.

Oi.

Opa. Algumas coisas andam acontecendo neste mundo e, como resultado, dei uma sumida. Talvez alguns (ou a maioria) não saiba mas sou professor. Tenho dado muitas aulas (ainda bem) e dedicado o meu tempo livre para a leitura da obra de Neil Gaiman. Sabe aqueles aficcionados em algo que tentam consumir tudo de determinada coisa? Então, estou assim. Não quer dizer que não tenha feito mais nada.
Ando escrevendo algumas histórias, não são mais poemas.
Ando gravando uns vídeos, nem só dica literária.
Ando vendo uns filmes.
Ando pela madrugada como sempre fiz.
Aos poucos o espaço aqui vai sendo reabitado, vamos com paciência que o universo é imenso.

Noturno #17

the_sandman_by_la_puppette-d5gm28v

É um adeus,
Sinais sonoros que é chegada a hora
A escuridão que abraça e recebe calma o ser
que se deixa em seus braços.
Esvai-se todo medo em rubro líquido
esvai-se o ser e deixa de ser, de estar
Silêncio profundo em sua cripta,
como se fosse uma hora propícia para a partida.
Não se preocupe, ficarei bem quando me for,
Me tornar ausência plena, me tornar não mais.

Entrevistas – revista beatbrasilis

beat_logo_final_dia

Há alguns anos um grupo de amigos criou uma revista virtual chamada beatbrasilis. A ideia era termos um lugar onde publicássemos nossa produção literária de poemas, crônicas, contos e tudo o mais. Não me lembro em que ponto realmente eu fiquei com a parte das entrevistas, acho com quase convicção de que fui eu quem se ofereceu para a missão. Como sempre militei nessa área ficaria mais fácil com a escrita e tudo o mais. Gostava e gosto ainda daquela revista. Foram nove edições apenas num espaço de alguns anos (o projeto não era o de rendimento financeiro, era mais de aglomerar um grupo, por isso a fazíamos no hiato da vida cotidiana.) e ficou um ainda inédito, sonho com o dia em que conseguiremos parir a tal edição. Em minha lista de links está o blog da revista, quem quiser conhecer o material e baixar tudo é só ir… aproveita que é de graça.
Mas vim falar aqui da beatbrasilis porque irei republicar aqui as matérias que escrevi e meus textos que foram feitos para lá. Como tem muita gente que visita e lê o blog resolvi trazer esse material aqui.

Espero que curtam.

Sem título

O primeiro texto abre a primeira edição. É uma crônica sobre Glauber Rocha.

A fome por Glauber

 

Há algo que me emociona nos filmes e no pensamento de Glauber Rocha. Não são os prêmios e nem a qualidade de sua obra, nem sua genialidade. Há em Glauber a urgência dos vencidos pela vida como os visionários em geral têm estampados em seus olhos que fazem falta. Em sua verborragia caótica o ilustre filho de Vitória da Conquista, (BA) contou as histórias de farwest que tanto amava com elementos genuínos do cotidiano sertanejo. Um matador vestido de sobretudo matou a tiros e a sangue frio um de seus tios quando ele era pequeno. A cena ficou gravada em sua memória e serviu de base para a construção daquele que foi um dos seus personagens mais lembrados, o caçador de cangaceiros Antônio das Mortes de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “ O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” vivido nos dois filmes pelo grande Maurício do Vale. A vida sempre serve de base para as criações que ficam para a história. A câmera na mão e o turbilhão na cabeça não foi só uma característica de Glauber, foi a impressão digital de uma geração que soube subir e descer do bonde na hora certa. Lutou até o fim pelo o que acreditava ser o melhor não só pra si mas para o cinema brasileiro por que sabia de sua importância para a arte tupiniquim e sabia também que sua influência ultrapassaria ao movimento do Cinema Novo.Ele emprestou a pouca sanidade que tinha a uma causa que nunca pensou estar perdida. Soube elogiar um dos pilares do golpe militar, Golbery Silva e foi execrado pelos desavisados de plantão que mantêm sempre a boa imagem de bons moços, mesmo quando querem ser marginais. Foi para a televisão gritar pela abertura em um programa que foi novidade e ainda seria hoje em dia.A vida que derrotou Glauber também o encheu de paixões. Casou-se com uma mulher que foi também símbolo de seu tempo e foi traído por ela. Soube ser maior do que rancor machista e casou-se mais um tanto, teve filhos como quem teve idéias. Um dos seus rebentos mais novos, Érick Rocha é autor de “Rocha que voa”, documentário sobre o pai a arte é herança genética na família Rocha, digo isso de cadeira.Ele, Glauber, costumava ficar em casa sentado de cuecas e recebia seus amigos assim. Não perdia tempo com coisas pequenas como o banho, a barba ou pentear o cabelo. Glauber foi urgente, viveu mesmo sem claquete como disse Arnaldo Jabor. Sua vida não teve edição, mas não ficou só no copião perdido nos corredores da Embrafilme. Quem vê hoje o moderno cinema nacional deve olhar no castanho raivoso do olhar glauberiano. Somos seus seguidores fiéis, mesmo que alguns não se apercebam do óbvio que isso soe.Quando um cinema exibe um filme feito aqui na Pindorama que ele anunciou com a Terra em Transe ele sorri descabelado e lúcido com seu cigarrinho de maconha pendendo nos lábios. Nunca se deitou em berço esplêndido, sempre caminhou por sobre espinhos e sempre esteve descalço. Glauber não aceitou a coroa de gênio mas aceitou o drama do realizador. Deixou de exemplo a fé em si e o ensinamento de que há hora de luta e há hora de beijo. Onde estaria Glauber Rocha se não tivesse voltado de Portugal para morrer em português nacional, como brincava Tom Jobim que acabou morrendo em inglês. Estaria filmando com certeza por que a vida é sempre sem claquete. Revejam Glauber, devemos isso a ele.

O fim do Diários do Caminhante Noturno.

Abri o blog para publicar mais um poema. Para deixar aqui mais um registro do que ando escrevendo. Talvez vocês não saibam mas este espaço nasceu em no ano 2000 lá em Salvador. Quem me deu a ideia foi o Diogo Fonseca numa das nossas conversas sobre o tudo e o nada. Ele, o blog, não tinha esse nome e nem era aqui no WordPress. Muito do que escrevi no outro espaço estava disponível até o começo deste ano e era estanho visitar aquela velha casa. Fico feliz que ele tenha sido retirado do ar e que os escritos permaneçam apenas em meus arquivos.
Agora, aqui, nesta noite de terça, enquanto termino de digitar mais um poema para a série “Noturno” me vem um desejo enorme de não publicar mais. Guardar para mim apenas o que ando escrevendo, dar um tempo para a cabeça, para a alma. Escrevo muito e teria muita coisa inédita para postar, mas relendo o que foi escrito e trabalhando um pouco nisto tudo me vem uma nostalgia do silêncio. Preciso me aquietar e repensar algumas coisas.
Uma outra coisa que me motiva pensar em parar é como você, leitor, vê tudo isso. Recentemente me indagaram o motivo de eu publicar meus poemas. Não tenho intenção nenhuma de que haja qualquer tipo de envolvimento entre quem lê e eu, a não ser este a que a função de cada um já esteja clara na conveniência de nossos papéis vividos. Eu escrevo e você lê: simples assim. Não quero e não pretendo mais nada além disso. Minto, no máximo uma boa conversa sobre os textos ou uma troca. Pensei muitas vezes em convidar outras pessoas para publicarem aqui também. Mas nunca fiz. Pensei em muita coisa e não gostei de nenhuma.
A verdade é que estou cansado e confuso. Além dos poemas que publico aqui existem ainda mais dois blogues que eu cuido. Um outro só de poemas e um em que organizo algumas notas que vou espalhando pelo meu mundo. Nenhum dos dois é aberto e para ser sincero não atualizo-os tem um bom tempo. Olha, não sei como será amanhã. Isso tudo que está escrito aqui é o que penso e sinto neste momento. Pode ser que nada mude ou pode ser que tudo melhore… Mas são conjecturas apenas. Bem, vou ali passar um café (mentira, cansei de escrever).

poema de uma noite insone 2

Death___Sandman_by_Saisoto

Gosto de escrever sobre você
Sobre seu jeito, sobre como a vejo e sinto
Traduzir em palavras toda a riqueza de uma alma livre.
E toda gama de cores que há em nós.
Gosto, amo, me sinto acompanhado|
E mesmo em momentos como os que temos passado
Sentido essa vontade de estar perto, de cuidar, de que você me sinta.
Tendo que ficar distante, olhando pra mala pronta,
Esperando pelo “vem”.
Calma, falta pouco, questão de dias agora
E olhará em meus olhos, se aninhará em meu abraço
E recitarei os poemas que te escrevi,
Colherá os risos que seus olhos fazem nascer.
Ficaremos bem.
Amor que tenho aqui, em mim, em versos e realidade
Apenas mais alguns dias. Em breve.